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O primeiro-ministro demissionário Mario Monti em visita surpresa às forças italianas no Afeganistão (NATOchannel) |
Ao assumir o governo italiano em novembro de 2011,
Mario Monti se deparou com uma maldita herança de seu antecessor Silvio
Berlusconi. Depois de três anos e meio como primeiro-ministro, Berlusconi
entregou um país em colapso – dívida pública de 1,9 trilhão de euros (121% do
PIB), altos índices de corrupção e frequentes escândalos sexuais envolvendo altos políticos como o próprio premier.
Pela descrença generalizada nos políticos, o
professor Monti foi convidado a assumir a chefia de governo por ser tido como o
único capaz de implementar as duras políticas de austeridade que a Itália tanto
necessitava. Com o apoio no parlamento dos maiores partidos do país, o
economista formou um governo técnico que durante treze meses conduziu reformas
estruturais que aliviaram as finanças italianas e restauraram a credibilidade
do país perante os mercados.
Suas medidas ortodoxas, contudo, por mais que tenham alcançado os objetivos esperados, trouxeram aumento de impostos, desemprego e recessão. Por essas consequências impopulares, o governo foi aos poucos se desgastando perante os políticos e a opinião pública, forçando a renúncia do gabinete Monti, o que de fato aconteceu em dezembro do ano passado.
Ouvindo todos os partidos do país, o presidente Giorgio
Napolitano marcou as eleições gerais para os dias 24 e 25 de fevereiro para que
fossem preenchidas as 617 cadeiras da Câmara dos Deputados e as 315 do Senado
da República. Formaram-se então quatro grandes coligações com as mais diversas
ideologias. O ex-comunista Pier Luigi Bersani liderou os partidos de
centro-esquerda; Silvio Berlusconi se uniu a centro-direita; Mario Monti comandou
os independentes e tecnocratas; e o comediante Beppe Grillo formou um grupo dos
descontentes com a política.
Passado o
pleito, confirmou-se o temor dos mercados internacionais e das lideranças
europeias: impasse eleitoral na Itália. A centro-esquerda de Bersani conseguiu
maioria na Câmara, porém, o Senado se dividiu. Com essa sensação de desgoverno,
várias teses são defendidas, inclusive a de formação de um “governo de minoria”,
uma vez que nenhuma das coalizões do circo político italiano entra em consenso.
Independente do que decidam os políticos, o próximo
governo italiano deverá pelo bem do próprio país, seguir fielmente o
receituário de Mario Monti. O próximo gabinete terá pela frente novos desafios
que giram em torno principalmente do crescimento econômico, reforma tributária
e dívida pública.
Porém, caso o novo primeiro-ministro ignore as
reformas draconianas do antecessor, recriando programas populistas e altamente
deficitários da era pré-Monti, veremos a volta de uma antiga política romana, contudo, com cada
vez mais circo [na política] e menos pão [na mesa].
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